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Resenha crítica, Abbey Road

Saudades do que a gente não viveu 
Sabe aquele sentimento bom de nostalgia que sentimos quando lembramos das músicas que marcaram a nossa vida? Cada música faz lembrar de um momento diferente, pessoas que conhecemos, lugares que visitamos. 
Mas como definir uma nostalgia que não é nossa?  
O álbum Abbey Road dos Beatles traz exatamente esse tipo de sentimento. Ao ouvirmos a trilha sonora de uma época em que nem éramos nascidos, o que vêm à memória são as experiencias com filmes, desenhos, novelas e seriados antigos. 
A maioria das músicas já fazia parte da nossa vida mesmo que não pudéssemos, muitas vezes, relacioná-las à banda. 
O rock’n roll extremamente psicodélico, nos leva diretamente para uma época de amor livre, mudanças sociais, e alguns tipos de drogas que ainda não eram proibidas.  
Isto realmente faz parecer ter sido uma época melhor de se viver. 
A música de abertura do disco, “Come together”, tem um certo tom de malícia, que já não existe atualmente. Nada parecido com as músicas maliciosas, com letras explícitas e pornográficas de hoje em dia. Imagino que se tivesse vivido a minha juventude nos anos 70, eu ficaria muito descolado ouvindo-a no rádio do meu fusca cinza-claro. 
Logo em seguida, tem a faixa “Something”, que talvez tenha sido a maior influência para o rock psicodélico no brasil. Muitas das músicas da Rita Lee, Júpiter Maçã, e até mesmo Raul Seixas, entre outros, possuem trechos que lembram a melodia cativante e que nos faz “viajar” junto com as notas. Não é à toa que a música foi considerada, por diversos veículos, a melhor do álbum, que por sua vez, foi considerado o melhor disco da banda. 
Na sequência vem “Oh! Darling”, que pode ser considerada a mãe das músicas de sofrência. Eu nem sabia que era possível sentir saudades de um amor que nunca existiu. É provável que seja pela época, onde as coisas eram diferentes. E talvez, te faça pensar que você nunca vai saber como é ter um namoro daqueles de antigamente. 
Uma coisa é certa, junto com “I want you (She’s so heavy)”, as duas vão direto para a minha playlist de músicas para fazer amor. Que é diferente da playlist “músicas para transar”. 
As demais músicas remetem a uma simplicidade que não pode mais ser encontrada. Algo nunca pode ser vivido por ninguém que pertence a mesma geração que eu. 
Após ter a oportunidade de poder contemplar o álbum em sua totalidade, aumenta a certeza que tenho de que nasci na época errada, juntamente com a curiosidade de provar cogumelos psicoativos. 
Resenha crítica, Abbey Road
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