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Transbólide (2024)

Curadoria, design e produção: Fabio Bola (2024)
Transbólide
“Transbólide” é uma tentativa de incorporar o Bólide original, no caso aqui o Bólide-caixa 19 Apropriação, em uma reinterpretação estética, utilizando-o como gênese de outra obra. Com artes gráficas digitais e generativas, temos a possibilidade de apresentar transobjetos de um transobjeto de Hélio Oiticica. Antes do “‘mundo das coisas’ para o ‘plano das formas simbólicas’” (OITICICA, 1986, p. 63) e agora do ‘plano simbólico’ para a ‘geração virtual’ (não uma justaposição virtual), temos não mais uma metáfora, mas sim uma apresentação direta de novas formas com uma variação progressiva em relação à original. O transobjeto original é agora um elemento da nova obra, sua espinha dorsal. A proposta apresenta variações que indicam sugestões de novos projetos a serem desenvolvidos. A composição com 12 fotos distintas com tamanhos de 20x20 e 20x13,5 tem um limite retangular. Seus conteúdos sugerem que a “construção” pode partir de outros elementos além da brita. Mesmo a flor e a semente podem funcionar estruturalmente em jardins e fachadas. Em alguns casos, a caixa perde os seguradores e em outros eles se desdobram. A caixa também ganhar falhas como buracos precisos ou não por onde a brita pode se esvair: essa seria uma forma de executar, através da arte digital, nosso intuito original de manusear o conteúdo da caixa, em conformidade com as intenções originais de Oiticica. Em “Esquema geral da nova objetividade” (1967), ele indica a característica da arte brasileira de vanguarda de “participação do espectador (corporal, táctil , visual, semântica)”. “Essa participação, que de início se opõe à pura contemplação transcendental, se manifesta de várias maneiras. Há porém duas maneiras bem definidas de participação: uma é a que envolve ‘manipulação’ ou ‘participação sensorial corporal’, a outra que envolve uma participação ‘semântica’. Esses dois modos de participação buscam como que uma participação fundamental, total, não-fracionada, envolvendo os dois processos, significativa , isto é, não se reduzem ao puro mecanismo de participar, mas concentram-se em significados novos, diferenciando-se da pura contemplação transcendental” (OITICICA, 1967). Essa contemplação indica, segundo Paula Sibilia (2011, p. 647), o modelo contemplativo da modernidade industrial, que podemos nos afastar visual e semanticamente através da manipulação e processamento digital de imagens, sem nos atermos, no caso, ao corporal e táctil. Mesmo assim, aqui existe a possibilidade de participação. “Tanto as experiências individualizadas como as de caráter coletivo tendem a proposições cada vez mais abertas no sentido dessa participação, inclusive as que tendem a dar ao indivíduo a oportunidade de ‘criar’ a sua obra” (OITICICA, 1967).

Fabio Mourilhe

OITICICA, Hélio. Esquema geral da Nova Objetividade. In: Catálogo da mostra “Nova Objetividade Brasileira”.  Rio de janeiro, MAM, 1967.
OITICICA, Hélio. Aspiro ao grande labirinto. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1986.
SIBILIA, Paula. A técnica contra o acaso: os corpos inter-hiperativos da contemporaneidade. Revista Famecos. Porto Alegre, v. 18, n. 3, p. 638-656, setembro/dezembro 2011
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