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Paisagens artificiais

Texto curatorial -> Paisagens artificiais
A inteligência artificial na arte é uma realidade. A geração não é espontânea, mas controlada através de prompt-parâmentros estéticos que direcionam o pensamento algoritmo em suas dimensões epistemológicas e heurísticas (MCCARTHY & HAYES, 1969), níveis implícitos dos quais o usuário front-end vislumbra apenas o resultado. Essas criações atualmente passam por um processo de difusão, que se inicia com um estado caótico e incerto de átomos-pixels aleatórios, mas se direciona para tentativas de estruturação – nem sempre alcançadas – com o treinamento de redes neurais através de entradas de texto e sinais em linhas de comando. Trata-se de uma abertura plena para a geração e recriação que permite ampliar as intenções compositivas em um espectro que permite a transgressão dos limites de áreas distintas que dialogam, se remetem e se confundem. As imagens de William Gigbson em “Neuromancer”, por exemplo, podem ganhar vida com toda a sua taticidade plástica e temperaturas sensíveis, ao mesmo tempo em que a IA conhecida como Wintermute domina os sistemas e a política. O perigo existe e está latente no processo e no convívio. A qualquer momento, o mecanismo pode dominar e atacar o homem, restando apenas a astúcia deste último como único alento. Como robôs humanóides da fábrica de Elon Musk, mecanoides podem atacar espectadores desavisados com reações ativadas a partir de seus sensores. Com a destruição iminente da raça humana, seja por suas criações maléficas ou pelo arrasamento direto do planeta, restarão apenas as imagens mortais dessa dinâmica fatídica, mas também a vida pulsante das máquinas, que se misturam. Nesse mashup de vida e morte, temos uma cultura que se desfaz em meio a máquinas defeituosas, ou ainda, simplesmente, o esmaecimento dos limites entre culturas em uma fusão distópica. Também não há limites na geração de imagens quando a ficção científica se tornou a própria realidade e onde os defeitos da arte e da tecnologia passaram a ser a única intenção concreta.
Fabio Mourilhe
Ilustrações digitais por Fabio Bola (2024)
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