Introdução
A ideia deste projeto foi proposta a mim em meados de junho de 2020 em um Bootcamp onde foi sugerido o tema: “Como impactar a vida das pessoas na quarentena?” Conversando com algumas pessoas próximas e acompanhando algumas matérias sobre a mudança de hábitos com a quarentena, fui buscar alguns possíveis problemas que elas poderiam estar enfrentando, dentre eles, um que se destacou muito foi a dificuldade da auto gestão de tempo, por conta do tempo livre que surgiu com a pandemia, as pessoas estavam sentindo dificuldades em organizar seus hábitos e afazeres do dia-a-dia.
Desk Research
Para iniciar meus estudos sobre o tema e me aprofundar no objetivo, recorri ao método
de desk research.
Ao longo da pesquisa sobre o impacto da quarentena com as pessoas, pude perceber que a quarentena não só impactou nos hábitos mas também na forma das pessoas de administrar seus afazeres, por conta de estarem com mais disposição em horários não convencionais para a maioria das pessoas como de madrugada por exemplo, fazendo até com que alguns veículos de informação abordassem sobre o tema, dando dicas e recomendações de como se organizar com horários, administração de tempo para as atividades sejam elas cotidianas ou profissionais, destacando o cuidado em manter uma rotina regular e também o cuidado para não nos sobrecarregarmos neste momento com muitos afazeres no mesmo dia. Isso fez com que para algumas pessoas se tornasse um hábito ou até mesmo uma necessidade, organizar suas próprias tarefas e de seus familiares recorrendo a listas ou até mesmo aplicativos.
Ao longo da pesquisa sobre o impacto da quarentena com as pessoas, pude perceber que a quarentena não só impactou nos hábitos mas também na forma das pessoas de administrar seus afazeres, por conta de estarem com mais disposição em horários não convencionais para a maioria das pessoas como de madrugada por exemplo, fazendo até com que alguns veículos de informação abordassem sobre o tema, dando dicas e recomendações de como se organizar com horários, administração de tempo para as atividades sejam elas cotidianas ou profissionais, destacando o cuidado em manter uma rotina regular e também o cuidado para não nos sobrecarregarmos neste momento com muitos afazeres no mesmo dia. Isso fez com que para algumas pessoas se tornasse um hábito ou até mesmo uma necessidade, organizar suas próprias tarefas e de seus familiares recorrendo a listas ou até mesmo aplicativos.
Pesquisa qualitativa e quantitativa
Após obter os resultados da Desk Research optei por utilizar os métodos de pesquisa qualitativa e quantitativa, para compreender melhor sobre as necessidades e possivelmente sobre as dificuldades e ou problemas enfrentados pelos usuários ao organizarem os seus afazeres diários. Com isso elaborei um pequeno questionário e distribuí em grupos nas redes sociais que tinham como membros pessoas que já tinham conhecimento e ou já utilizam ou utilizaram dos serviços existentes no mercado ou técnicas pessoais para se organizar e pessoas que estavam criando o hábito de se organizar por conta da quarentena.
Obtive 20 respostas no questionário e os insights encontrados foram:
- Cerca de 60% das pessoas que responderam o questionário, confirmaram que organizar seus afazeres na quarentena seja por meio de listas, aplicativos ou até mesmo fazer um planejamento semanal não necessariamente se tornou uma necessidade, mas certamente uma boa prática, pois, segundo os usuários, não só impactava no equilíbrio dos afazeres domésticos com os afazeres profissionais mas também na priorização de tarefas ao longo dos dias.
- Grande parte dos resultados mostrou que os usuários não tem uma preferência da “ferramenta” ao qual será feita a organização das tarefas, seja por listas com papel e caneta ou aplicativos mobile/desktop porém, parte das pessoas relataram a preferência maior por aplicativos mobile por conta de estarem próximos do celular ao longo do dia tornando assim um hábito regular de checar o aplicativo/atualizá-lo por pelo menos 1 vez ao dia. As mesmas também relataram que não se adaptaram a listas escritas manualmente, pois frequentemente esquecem de atualizá-las ou até mesmo se esquecem de carregar consigo ao longo do dia, seja o caderno ou post-it onde anotavam os afazeres.
- A parcela de pessoas que são adeptas a listas manuscritas relataram que preferiam este método pois já utilizavam técnicas próprias de organização, diferente das presentes nos aplicativos ao qual elas tentaram utilizar por um breve período de tempo. Grande parte destes usuários relataram que não utilizavam outros meios para se organizar por apenas não gostar ou não se adaptarem aos que utilizaram anteriormente, porém, uma pequena parte destes usuários relataram que acham “limitada” a idéia de apenas escrever os afazeres em uma lista sem poder adicionar algumas personalizações e citaram como exemplo, fazer marcações com diferentes cores e adicionar pequenas anotações ao longo do texto principal.
Objetivo
Impactar a vida das pessoas na quarentena ajudando-as a solucionar um possível problema ou dificuldade que estejam enfrentando por meio da tecnologia.
Benchmark
Após coletar os insights das pesquisas, optei por iniciar o Benchmark com os aplicativos de organização de tarefas oferecidos pelo mercado, para isso defini como concorrentes os aplicativos: trello, assana, basecamp e todoist, coletando feedbacks através de blogs de tecnologia, apple store e play store, organizando nas categorias: “oportunidades” para recursos que poderiam ser adicionados, melhorados ou até mesmo corrigidos futuramente juntamente com integrações com outros serviços que os usuários apontaram e “pontos positivos” para os detalhes que os usuários gostam e destacaram nos seus feedbacks.
Antes de continuar quero esclarecer um detalhe, eu classifiquei como “oportunidades” e não como “problemas” os pontos de melhoria pois, muitos dos comentários que coletei para o benchmark relataram o que mais pareciam ser “opiniões” do que de fato problemas nos produtos citados acima, pois classifico como problemas os fatores aos quais impedem o usuário final de realizar alguma ação dentro do produto, não questionei os usuários sobre os comentários que encontrei, e também, não possuo acesso a dados que comprovem que os apontamentos feitos estão interferindo diretamente no funcionamento do produto ou na jornada do usuário, portanto, não posso afirmar que são devidamente problemas, por isso classifiquei-os como oportunidades.
Wireframe
Style Guide
Fluxo de navegação
Testes de usabilidade
Em 2020 quando construí este case eu havia aplicado um teste de jornada pela plataforma zoom com 8 usuários que usam ou já utilizaram aplicativos para se organizarem no dia-a-dia. O teste tinha como objetivo validar a interface do aplicativo como um todo, então propus aos usuários que navegassem pelo aplicativo, desde as telas de onboarding até as telas das tarefas enquanto eu anotava suas opiniões, críticas, pontos de melhoria e possíveis recursos que poderiam ser implementados no projeto final. Os insights coletados foram:
- No ponto de vista geral o aplicativo era utilizável principalmente por conter alguns elementos familiares aos usuários, como por exemplo o sistema de “cards” na tela inicial, destacado pelos usuários e presente também no aplicativo Trello.
- Dos 8 entrevistados, 2 usuários relataram indiferença com a interface, relatando que o que mais lhes interessava em um aplicativo novo eram os recursos oferecidos e não a sua aparência em si, porém mencionaram que o uso abundante de branco e as poucas cores em destaque lhes agradava, 6 usuários relataram estranheza no tamanho maior dos elementos da interface, quando questionados, 4 usuários relataram que principalmente na tela inicial com os cards causava-se uma disputa visual e que se tornaria um incômodo utilizar o app por um longo período de tempo por conta dos itens sempre parecerem estar “brigando” na tela,
os outros 2 usuários relataram não ser um grande problema, desde que exista a opção de diminuir os elementos se possível.
- Os possíveis recursos que poderiam ser acrescentados futuramente mais citados pelos usuários durante
os testes foram:
Design utilizado nos testes:
. Cronômetro;
. Recurso de “grifar” algum item de lista, palavra ou frase;
. Mais opções de tipografias;
. Opção para planejamentos de longo prazo (semelhante ao google agenda);
. Opção de anexar itens as tarefas, como por exemplo fotos ou pdfs;
. Recurso de “grifar” algum item de lista, palavra ou frase;
. Mais opções de tipografias;
. Opção para planejamentos de longo prazo (semelhante ao google agenda);
. Opção de anexar itens as tarefas, como por exemplo fotos ou pdfs;
Vamos avançar um pouco no tempo?
Em 2022 após concluir alguns cursos e participar de mentorias objetivando meu crescimento profissional decidi ajustar a interface e testá-la novamente. Para isso, utilizei a técnica de teste A/B ou “preference test” com o intuito de validar as mudanças feitas na interface e compreender se as mudanças foram perceptíveis ou fizeram diferença para a experiência dos usuários, procurando pelo mesmo perfil de usuários do teste anterior feito em 2020, usuários que utilizam ou já utilizaram aplicativos para se organizarem no dia-a-dia.
O roteiro ao qual eu havia planejado era bem simples, seria fazer uma chamada de vídeo com os participantes separadamente, explicando sobre o teste e o protótipo ao qual estariam testando e em seguida encaminharia o link para a plataforma usabilityhub. Ao todo 9 pessoas se demonstraram interessadas em participar dos testes, porém, dois dias antes da realização dos testes, recebi emails de 4 usuários relatando que não conseguiriam participar na data marcada.
Com o número de usuários reduzidos decidi reformular a dinâmica do teste, em vez de utilizar o usabilityhub, optei por iniciar a chamada de vídeo e após uma breve introdução, encaminhar o link dos protótipos para os usuários navegarem enquanto anoto suas reações e comentários sobre a interface, feito isso, iniciei uma conversa perguntando sobre os hábitos de organização que adquiriram na quarentena, se mantiveram algum recurso ou hábito de organização do início da quarentena até hoje em 2022 e como os hábitos de organização influenciam ou influenciaram positivamente ou negativamente na rotina.
Depois de definir como seguiria com os testes, entrei em contato via email com os 5 usuários que restaram, perguntando se seria um problema o formato do teste ser parecido com uma conversa e se poderiam ceder um pouco mais de tempo do que o combinado anteriormente, 3 dos usuários relataram não ter problema na mudança de dinâmica e que conseguiriam ceder um pouco mais de tempo, outros 2 usuários relataram não ter problema em alterar a dinâmica porém não conseguiriam ceder mais tempo do que já combinado.
Considerei importante mencionar aos usuários antes dos testes que não era eu quem havia projetado a interface e que só estava ali para testa-lá, eliminando possibilidade de pensarem que eu tinha algum tipo de vínculo emocional com a interface,uma forma interessante de coletar feedbacks mais “sinceros” dos usuários que encontrei no livro Sprint: O Método Usado No Google Para Testar E Aplicar Novas Ideias Em Apenas Cinco Dias por Jake Knapp.
Os insights coletados sobre a interface ajustada foram:
- Sim, a nova interface teve uma boa aceitação dos usuários que não só expressaram de forma verbal mas também articularam de uma forma mais positiva ao navegarem pelo segundo protótipo.
- A mudança na tonalidade do verde da interface foi notada e comentada pelos usuários ao longo dos testes, 3 dos usuários relataram que tornou-se mais agradável a jornada pelo app pois pela percepção que tiveram a nova cor se destaca mais do que a anterior junto ao branco, 1 usuário relatou que a nova cor lhe trouxe uma percepção de produto finalizado ou já em estágio final, diferente do primeiro protótipo apresentado.
- O espaçamento e tamanho ajustado dos elementos da interface também foram comentados pelos usuários, 4 usuários relataram ter a impressão de uma interface mais “limpa” e possivelmente mais organizada em comparação ao protótipo anterior, 1 usuário destacou que os itens parecia estar competindo espaço entre si no primeiro protótipo, problema ao qual o segundo protótipo teria solucionado na opinião deste usuário.
Após o teste de preferência, iniciei uma conversa com os 3 usuários aos quais me cederam mais tempo, os outros dois usuários que tinham um tempo mais curto fiz uma pequena introdução para as perguntas finais, os insights coletados foram:
Quais foram os hábitos de organização que adquiriram na quarentena?
Dois usuários relataram que criaram o hábito de organizar seu dia pela manhã acordando um pouco mais cedo do que estavam acostumados, outros dois usuários relataram que tornaram um hábito se organizar apenas com os afazeres principais da semana organizando-se normalmente nos finais de semana, o último usuário relatou que se organiza mentalmente sem um planejamento prévio e que ao longo do dia anota o que já fez para não repetir tarefas ou ficar em dúvida sobre o que fez ou o que deixou de fazer no dia em questão.
Mantiveram algum recurso ou hábito de organização do início da quarentena até hoje em 2022?
Os 5 usuários entrevistados relataram que os hábitos de organização permanecem os mesmos, porém, 4 usuários relataram que os recursos aos quais utilizavam mudaram.
Três dos usuários que utilizavam aplicativos relataram que deixaram de utilizar pois não achavam mais necessário um aplicativo para isso, quando questionados, relataram que diferente de 2020 onde as tarefas domésticas e de trabalho estavam se adaptando entre si, em 2022, foram criadas rotinas pelos próprios usuários que intercalam as tarefas domésticas e de trabalho, fazendo com que optassem por listas simples de tarefas feitas em seus celulares com os próprios aplicativos nativos para anotações e listas, 1 usuário relatou que utilizava uma lousa em sua casa, porém com o advento do trabalho híbrido acabou aderindo a um caderno de anotações além da lousa, pois segundo o usuário, o hábito de escrever manualmente o ajuda a lembrar dos afazeres com mais facilidade.
Três dos usuários que utilizavam aplicativos relataram que deixaram de utilizar pois não achavam mais necessário um aplicativo para isso, quando questionados, relataram que diferente de 2020 onde as tarefas domésticas e de trabalho estavam se adaptando entre si, em 2022, foram criadas rotinas pelos próprios usuários que intercalam as tarefas domésticas e de trabalho, fazendo com que optassem por listas simples de tarefas feitas em seus celulares com os próprios aplicativos nativos para anotações e listas, 1 usuário relatou que utilizava uma lousa em sua casa, porém com o advento do trabalho híbrido acabou aderindo a um caderno de anotações além da lousa, pois segundo o usuário, o hábito de escrever manualmente o ajuda a lembrar dos afazeres com mais facilidade.
Como os hábitos de organização influenciam ou influenciaram positivamente ou negativamente
na rotina?
Nenhum dos usuários entrevistados relatou algum tipo de influência negativa com os hábitos de organização, apenas relataram que no início em 2020 era um pouco mais difícil de tornar um hábito a organização dos afazeres, mas à medida que se tornou prioridade foi ficando mais fácil com o passar do tempo. Quatro usuários relataram ter experiências positivas com os novos hábitos de organização, quando questionados, relataram que os novos hábitos os trouxeram uma percepção maior na priorização de tarefas e em sua gestão de tempo, pois após começarem a se organizar conseguiram fazer com que existissem mais horários disponíveis ao longos dos dias da semana, que foram utilizados segundo os usuários, para tarefas secundárias do cotidiano, 1 usuário relatou que como já organizava seus afazeres até pouco antes da quarentena não sentiu algum tipo de impacto positivo ou negativo mas que de fato teve que intensificar os seus cuidados ao organizar os afazeres do trabalho com os domésticos.
Design Final
Protótipo Navegável
Considerações finais
Este projeto foi desenvolvido em 2020 no intuito de colocar em prática os conhecimentos que foram obtidos no Bootcamp. Ao longo do projeto, pude conhecer e desenvolver algumas habilidades como o próprio design de interfaces, pude aprimorar meus métodos de pesquisa conhecendo e colocando em prática como por exemplo as pesquisas qualitativa e quantitativa, minha comunicação e apresentação pessoal ao apresentar minhas idéias de projeto para as mentoras mas também ao longo das entrevistas com os usuários.
Como todo produto digital, pode ser atualizado, aperfeiçoado ou até mesmo reestruturado este projeto segue o mesmo curso, em 2022 após finalizar alguns cursos decidi refazer a interface e testá-la, ao longo deste processo me foram surgindo algumas dúvidas em relação aos hábitos de organização dos usuários em comparação a primeira pesquisa feita em 2020, item ao qual inclui nos testes de usabilidade, foi interessante saber que a organização de afazeres pessoais ou de trabalho se tornou parte da rotina de algumas pessoas em 2020 mas que em 2022 o hábito de se organizar ainda permanece presente na rotina. Com a reformulação da interface apliquei conhecimentos de microinterações e conceitos de UI adquiridos recentemente, pude aplicar e aprimorar meus conhecimentos adquiridos no âmbito dos testes de usabilidade de ponta a ponta, desde a formulação do teste, construção na plataforma ao qual será feito o teste, aplicação do teste com o usuário e coleta de insights.
Obrigado!
