Coleção KENTE
Esta coleção vai buscar parte da sua inspiração inicial às minhas raízes e ao meu passado. Ainda são vivas as memórias que tenho dos meus avós italianos oriundos de Palermo, na Sicília. Recordo-me bem do percurso como alfaiate italiano que o meu avô materno viveu, tanto em Itália como na Venezuela, onde também viveu durante alguns anos. A minha identidade rege em torno da modelação e da costura, arte que está por detrás da alfaiataria, e é esta mesma identidade que tento transmitir nas minhas ilustrações e na coleção. A parte inicial de inspiração desta coleção vem então da alfaiataria e da exploração das suas peças clássicas. As mesmas estão muito presentes na coleção e a sua relação com o conceito é bastante perceptível.

A segunda parte de inspiração foi recolhida através de um artigo da VOGUE que se chama “Ghana’s First and Only Skate Crew Has One-of-a-Kind Style” escrito por Alex Frank. Este artigo mostra um lado novo e jovial na cidade de Acra, no Gana. O artigo gira em torno de um grupo de jovens em Acra, que pratica o skate e tem um estilo desportivo muito incutido, tentando assim dar cada vez mais a conhecer este estilo visto como novo, ao povo mais jovem da cidade. Uma vez que Acra é conhecida pela sua alfaiataria sofisticada e os seus tecidos kente tradicionais, esta dualidade e contraste entre os dois estilos e conceitos, o skate e a alfaiataria, cria um lado mais interessante a toda a cultura do Gana. 

Esta coleção procura então relacionar estes dois conceitos culturalmente interligados, fazendo um cross-over com a alfaiataria e o streetwear que domina o dia-a-dia dos jovens em Acra. Retirada da alfaiataria estão, como já mencionado, algumas peças clássicas como o blazer, as bermudas e as calças de fato. Da parte do streetwear estão presentes peças mais simples como as t-shirts e tops. A inspiração recolhida da cultura africana veio do tecido kente, já anteriormente mencionado, que por si só já fala muito. Kente é um tecido produzido através da tecelagem em algodão, e o mesmo forma um padrão colorido e dinâmico, que na coleção está presente através de estampados, e num padrão especialmente feito para a mesma. Outro foco de inspiração que recolhi da cultura africana são os turbantes, muito tipicamente usados nas cabeças das mulheres africanas, e muitos destes feitos com o tecido kente. A forma de passar isto foi adicionando folhos e peças volumosas em várias partes da coleção para aludir ao turbante. Na coleção também são visíveis uma saia e um vestido que estão diretamente ligados com o típico vestuário africano. 

Os materiais tentam acompanhar esta simbiose dos dois temas, utilizando materiais mais relacionados com o streetwear como jerseys, um cortinado mais pesado para fazer ligação com a cultura africana e um twill para dar continuidade à alfaiataria. Na paleta de cores procurei reter as cores mais presentes nos típicos tecidos kente, sendo estas maioritariamente cores quentes e terrosas, como acastanhados, laranjas e vermelhos tijolo, que contrabalançam com duas cores um pouco mais frias, sendo um verde água sujo e um azul ciano forte, estando estas duas menos presentes mas bem posicionadas na coleção. As cores mais quentes e fortes representam mais a cultura africana e o seu dinamismo, enquanto que as cores mais suaves, frias e escuras remetem a um estilo mais punk presente no streetwear. Com base em tudo o que foi mencionado, esta coleção intitula-se por KENTE.
Silhuetas
Coordenados ilustrados
Ficha técnica t-shirt
Ficha técnica saia balão 
Unidade Curricular de Projeto de Moda II - 3ºano
com a coordenação de Tânia Nicole
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Kente (2020)
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Kente (2020)

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