Introdução
  
O grupo constituído por António Sousa, Diana Silva, Renata Coelho, Sandra Machado foi atribuído na Unidade Curricular, Eco Design, uma proposta de desenvolver um produto em que a matéria prima fosse a reciclagem ou a reutilização de produtos que já estão no fim do ciclo de vida do produto.


       Seleção do Produto a Reutilizar

Durante a pesquisa do produto foram mencionados produtos tais como, escovas de dentes, sapatilhas, pneus, pasta dos dentes, garrafas de plástico, cruzetas, etc.      
Tendo por fim, numa votação, escolhido as cruzetas, ao analisar os produtos que caracterizam o dia-a-dia de um individuo, as cruzetas, à primeira vista, são um objeto inofensivo. No entanto, quando se analisa o seu consumo por parte de indústrias associadas à moda, este objeto, dada a duração do seu ciclo de vida, torna-se muito poluente.
       Ciclo de Vida das Cruzetas Industriais

Na indústria da moda, as coleções têm-se tornado cada vez mais efémeras e passageiras, havendo uma urgência pelo consumo. Isto acontece por diversos motivos, quer pela tendência humana do desejo de aceitação/integração, quer pela necessidade de mudança ou até pelo desejo de se sentir único, com um estilo próprio. 
Até chegar ao consumidor final, assim como em outros diversos produtos, o vestuário passa por um ou até mais intermediários. Estes, vão retirando as cruzetas contidas nas peças e colocando novas que possuam a identidade que caracteriza a sua marca, e que as mesmas acabam em aterros. A maioria destas cruzetas industriais são de plástico e têm uma vida útil de uma estação: cerca de três meses ou até menos como enumera a figura "1".

Fig. 1 - CICLO DE VIDA DAS CRUZETAS INDUSTRIAIS DE PLÁSTICO
O novo produto tem o propósito de contrariar o impacto ambiental atual das cruzetas no ecossistema, uma vez que, sendo estas reaproveitadas para a criação de mobiliário, que é algo de que as pessoas necessitam no seu dia-a-dia, irá diminuir a sua inserção em aterros.
Estas cruzetas podem ter na sua composição sete tipos diferentes de polímeros, podem possuir (ou não) “gancho” e clips em metal e ainda podem ter umas “almofadas” antiderrapantes – utilizadas com a finalidade de impedir que a peça escorregue da cruzeta - de borracha ou de vinil como é possível observar na figura "2".
Esta variedade de materiais, aliada à sua forma complexa, torna a reciclagem das cruzetas muito difícil. Por isso, é mais barato irem para aterro do que serem recicladas.
Nas peças de roupa, juntamente com a cruzeta, por vezes é colocado ainda papel de seda, espuma, tecido e sacos de plástico onde as peças são embaladas individualmente.
Fig. 2 - Cruzetas

As cruzetas produzidas industrialmente são usadas maioritariamente para a embalagem e distribuição para as lojas de roupa. Uma vez concluído esse trajeto a cruzeta que vinha na peça de roupa inicialmente é retirada e colocada outra que contém o logotipo da loja uma, vez que o processo de distribuição é feito para múltiplas lojas. Portanto a empresa não conserva as cruzetas que vêm do distribuidor por não serem apelativas, de baixa qualidade ou conter o logotipo do fornecedor.

As cruzetas podem ser colocadas em aterros, recicladas ou reutilizadas. Apenas 15 % dessas cruzetas são recicladas, como as figuras abaixo ilustram o processo de reciclagem das cruzetas.
          
As cruzetas são “limpas”: são removidos autocolantes, entre outros, e são organizadas e partidas. São levadas para uma máquina que as mói. Como resultado: são obtidos estes grânulos poliméricos que, futuramente, serão transformados num novo objeto, passando pelos processos de fabrico necessários

Infelizmente, o fim de vida das cruzetas mais frequente são os aterros. Anualmente são colocadas em aterros cerca de 20 mil milhões de cruzetas industriais, ou seja, aproximadamente 54 milhões por dia. O grupo escolheu as cruzetas industriais pois a sua fase de uso é muito curta e aumenta a poluição e o desperdício de matéria prima feita para um produto que apenas será usado para transportar a peça de roupa e acondicioná-la de uma melhor forma.
       Ensaio de Reaproveitamento das Cruzetas
Inicialmente seriam realizados vários ensaios, no entanto, devido à escassez de tempo o grupo apenas conseguiu realizar um ensaio. A figura abaixo demonstra 3 diferentes formas de disposição de cruzetas poliméricas.
O ensaio foi realizado na Fibrenamics, que disponibilizou a prensa hidráulica.
Na realização deste ensaio foram apenas utilizadas cruzetas de polipropileno.
Algumas destas cruzetas foram partidas com o propósito de, ao fundirem, obter-se uma forma mais consistente.
Na forma da prensa foi colocada uma folha de teflon – para que as cruzetas ao derreterem não ficassem presas à forma da prensa – e, de seguida, colocaram-se as cruzetas na forma. Por cima dessas cruzetas colocou-se uma outra folha de teflon, o molde foi fechado e configurou-se a prensa hidráulica.
            A temperatura necessária para que as cruzetas de polipropileno atinjam o ponto de fusão são 160°C. No entanto, a prensa foi colocada a uma temperatura de 180°C uma vez que existem perdas de calor porque o molde não ficou completamente fechado, e, como a espessura das cruzetas ultrapassava a altura do molde inicialmente, o calor não foi distribuído uniformemente por todas as cruzetas. As áreas mais próximas do prato da prensa atingiram maiores temperaturas e as áreas mais afastadas não atingiam menores temperaturas.
            O interior do molde tem um sensor térmico para que este não ultrapasse a temperatura máxima pois caso ultrapasse essa temperatura o polímero pode perder algumas das suas propriedades.
A prensa demorou cerca de 1 hora a atingir os 180°C, uma vez estabilizada a temperatura, as cruzetas ficaram cerca de 45 minutos submetidas a essa temperatura constante. De seguida iniciou-se o processo de arrefecimento, que demorou aproximadamente 45 minutos.
       Projeção do Novo Produto

No novo produto o grupo pretendeu:
- Criar um objeto útil, que fizesse parte da rotina das pessoas;
- Conservar parcial ou inteiramente a forma característica da cruzeta, como forma de consciencializar as pessoas;
- Criar um produto apelativo visualmente,.
Assim, surgiu a ideia de criar um objeto de mobiliário.
Nas figuras abaixo estão representadas as diferentes formas de disposição de cruzetas no decorrer do processo de criação das peças de mobiliário.

Cruzetas Industriais
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